domingo, 11 de outubro de 2009

Visão básica do processo de inovação no Brasil e no mundo.

Na década de 90 com a abertura do mercado, as empresas brasileiras passaram por uma grande transformação. Nesta fase nossas empresas conheceram uma grande quantidade de novos concorrentes com “novidades” que iam desde novos produtos, serviços, processos e ações de marketing. A maioria das empresas brasileiras tinha a certeza de que para sobreviver no novo cenário, seria necessário igualarmos à produtividade, tecnologia etc. das empresas que estavam chegando. Desta forma entre outras mudanças, importamos muitas máquinas e conhecemos novas tecnologias, ou seja, copiamos muita coisa, pois acreditávamos que os novos modelos eram melhores que os nossos e em muitos casos eram mesmo.
Isso foi importante naquele momento, porém nenhuma empresa pode sobreviver por muito tempo copiando modelos que foram sucesso no passado ou ainda são em outros mercados. O investimento em processos de desenvolvimento criativo que gerem inovações é a única estratégia para sobreviver.

No mundo, a velocidade de transformação é cada vez maior e é difícil imaginarmos que uma empresa possa sobreviver por muito tempo, se não definir como principal pilar para sua sobrevivência a inovação.

Estima-se que em 2017, 75% do PIB do Japão será formado por produtos que sequer foram inventados.

O maior fator limitante à inovação em uma empresa é sua própria cultura interna, a qual foi construída com base em paradigmas que não mais existem:

Paradigma do Gênio - Muitas empresas ainda acreditam que uma empresa inovadora tem que manter um gênio trancado em uma sala, fazendo experiências mirabolantes e que um dia poderá descobrir um produto novo capaz de desbancar a concorrência.

Paradigma da Pesquisa - outras tantas empresas acreditam que para se inovar no mercado é necessário um grande investimento em pesquisa; laboratórios equipados; funcionários altamente qualificados; tempo e muito dinheiro.

Tudo isso é importante dentro de uma empresa, mais não é a única forma de se tornar uma empresa inovadora.

Henry Ford começou a popularizar os carros através de uma inovação no processo de fabricação - a linha de montagem possibilitava a produção de um carro igual aos demais, porém mais barato.

A Dell Computer Corporation – tornou-se a maior montadora de computadores do mundo construindo toda sua estratégia de crescimento em cima de idéias básicas, como mostra DELL, Michael em seu livro Estratégias que revolucionaram o mercado (1999, p. 29 e 96):
• Eliminar os intermediários do processo de distribuição, através de vendas diretas ao consumidor final, pela internet.
• Constante segmentação do mercado, para que seja dado foco a grupos de clientes com características similares, com isto é possível alcançar taxas de crescimento elevadas em determinados segmentos. É tirar o maior resultado possível de grupos cada vez menores.

Como podemos ver, a inovação nem sempre é resultado de um produto tecnologicamente superior. Pode ser apresentada na maneira de abordar o mercado, na gestão, no processo ou em qualquer outra forma que traga uma vantagem competitiva.
O que é mais importante: pode e deve ser construída ao longo do tempo, como resultado de pequenas evoluções.
Para tanto, a empresa tem que construir uma política de incentivo ao permanente surgimento de idéias criativas e inovadoras, mesmo aquelas que não sejam aproveitadas, merecem destaque e elogios como uma iniciativa positiva e como criação de um degrau para a construção de novas idéias.

A anglo-holandesa Shell destina 10% do seu orçamento de pesquisa para patrocinar idéias criativas. Qualquer funcionário pode requerer uma verba para trabalhar no estudo e elaboração de um novo projeto. Detalhe: quem decide quais projetos serão financiados é um grupo de cinco funcionários entre os quais não existem diretores. (REVISTA INOVAÇÃO, 2002, pg. 49).

A 3M – empresa com maior índice de resultados oriundos de produtos inéditos no mercado. Historicamente tem um terço do seu faturamento gerado por produtos que não existiam cinco anos atrás.

Drucker (apud CANDELORO, 2002, p. 54) “Idéias são muitas vezes como bebês – elas nascem pequenas, imaturas e sem forma definida. São mais promessas do que resultados. Nas empresas inovadoras, os executivos não dizem ‘esta é uma idéia tola’. Ao contrário, perguntam ‘o que precisaríamos para transformar esta idéia embrionária, em algo que faça sentido, que seja uma oportunidade para nós?”

Em empresas inovadoras o exercício da criatividade é algo que se tornou natural, uma prática rotineira e feita de forma coletiva, como apresenta Peter Drucker em seu livro “inovação e espírito empreendedor”. Idéias geniais são raríssimas!

Hoje o mundo empresarial atravessa um momento em que estão se esgotando todas as possibilidades de uma empresa aumentar seus lucros através de cortes em seus custos, reengenharias, excelência administrativa, parcerias etc. Em um breve espaço de tempo, só será possível obter mais lucro se criarmos novas e inéditas ferramentas para competir. Isto já é realidade em vários segmentos e para várias empresas do mundo e será para a grande maioria em um curto espaço de tempo, sejam elas grandes ou micro empresas.

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